sexta-feira, 15 de maio de 2015

Como fazer música eletrônica?

Você se encantou com algum hit de Dance Music e viu que também poderia ter seu futuro fazendo sucesso nas pistas? Você se cansou da sua banda de rock porque ninguém leva os ensaios a sério e decidiu fazer tudo sozinho, com um som de vanguarda? Você passou numa loja de música e ficou encantado com os sintetizadores e outros aparelhos mirabolantes? Você tem mil ideias de músicas que seriam interessantes, mas nunca as consegue colocar em prática?  

Para os casos acima, e muitos outros, saber fazer música eletrônica é uma grande opção! É um estilo de produção musical bastante versátil, que atende às necessidades e aos gostos de quase todo mundo que queira se aventurar nesse caminho e permite fazer coisas maravilhosas com uma estrutura relativamente simples (mas não sem muito estudo e dedicação de tempo). 

O essencial é ser tarado pelos botões...
Muita gente associa a música eletrônica a Dance Music, às músicas de balada, de puts puts, etc. De fato, boa parte do que há no mainstream desse tipo de som está voltada à pista de dança. Mas, na verdade, música eletrônica é nada mais do que a música tocada por instrumentos eletrônicos: samplers, sintetizadores, baterias eletrônicas, sequenciadores, etc. 


A música eletrônica começou, portanto, com o desenvolvimento desses instrumentos principalmente a partir da década de 40 (Musique Concrete/Elektronische Musik). Seu nicho inicial era a música erudita. Somente nos anos 70 é que popularizaram-se os sintetizadores e Giorgio Moroder, baseando-se na música disco, criou os fundamentos do que chamamos hoje de Dance Music. 

Fato é que esses instrumentos se desenvolveram de tal forma que hoje, tendo um computador razoável, é possível produzir uma orquestra inteira de instrumentos eletrônicos sem sair do conforto da nossa escrivaninha. E é isso que imagino que interesse ao marinheiro de primeira viagem na produção de música eletrônica. Falemos aqui, portanto, das principais ferramentas que você precisa para começar a produzir seu som. 

Então por onde começar?

Você não vai querer começar a fazer música eletrônica comprando sintetizadores, mesas de som, alto-falantes e uma porrada de cabos em uma loja e montando uma subsidiária da companhia elétrica na sua casa. Não, isso tudo não é necessário nem quando você quiser mover para algo mais profissional. Hoje em dia, para fazer música eletrônica de qualidade basta um computador que possa rodar um tipo de programa que te forneça um estúdio virtual, com acesso a diferentes sons (samplers e sintetizadores virtuais) e a uma forma de reproduzi-los em sequência (sequenciador): simples assim. 

Existem vários programas para isso, com diferentes preços e graus de dificuldade. Há também os programas grátis e de código-aberto. Com algumas exceções, esses programas requerem muito trabalho para te recompensarem com boa qualidade de audio. 

Esqueça isso...
Sempre que você for procurar um programa, veja se ele tem suporte para plugins VST: máquinas virtuais (sintetizadores, efeitos, etc) que você pode ir adicionando ao seu estúdio. O seu programa já pode vir com alguns deles, mas saiba que existem inúmeras opções para ir incrementando mais tarde, desde os gratuitos até os super-arrojados que você só vai conseguir comprar quando realmente estiver fazendo sucesso. 

Indico abaixo três dos principais estúdios virtuais (ou DAWs). São os que eu mais tive experiência. O importante é que você não compre nada logo de cara, baixe as demos e veja se se adapta bem ao programa. Todos eles apresentam bom suporte na internet e é possível encontrar vários tutoriais no youtube, principalmente em inglês. 

A. Image-Line FL Studio

Esse programa é o querido de muita gente (e meu também, para muitas ocasiões). É muito fácil de usar com a interface bem voltada para a música eletrônica e já vem com alguns instrumentos e efeitos poderosos. A única desvantagem é que ele funciona somente em Windows, embora haja uma versão beta para Mac circulando por aí. Eu recomendo começar por experimentar esse programa. 
Preço: 99 dólares (versão fruity) e 199 dólares (versão producer)

Existe uma alternativa freeware para esse programa que se chama LMMS. A interface é bastante parecida, mas menos estilos. Os plugins inclusos são bastante poderosos, mas envolvme mais conhecimento para se obter bons resultados. Ele suporta VSTs em Windows e Linux, mas não em Mac. Mesmo assim, roda bem nos três sistemas. 
Preço: gratis!!

B. Propellerhead Reason

Se você gosta de botões, cabos, LEDs, racks, e outras coisas da aparelhagem física de estúdio essa é uma opção legal. O Reason simula um rack físico, em que você tem que conectar os instrumentos e efeitos com cabos e tudo mais. Apesar de apresentar uma qualidade sonora excelente, ele apresenta duas desvantagens: não aceita plugins externos (somente os comercializados pela própria empresa deles) e não dispõe de muitos recursos que facilitam o fluxo de trabalho. Mesmo assim, é uma máquina muito poderosa e largamente utilizada pelos produtores. Está disponível para Windows e Mac. Eu recomendo testar: há quem ame e quem odeie. 
Preço: 99 dólares (versão essentials) e 399 dólares (versão standard)


C. Ableton Live

O Live é a opção da maior parte dos produtores que eu conheço. É um programa também muito voltado para a produção de música eletrônica e com o diferencial de apresentar recursos específicos para a performance ao-vivo e improvisação. Dá para produzir músicas nele de diversas formas, o que o torna muito versátil e poderoso. Para obter a melhor qualidade do som dele, no entanto, é preciso aprender a configurar bem os efeitos de áudio e o canal master. Se você conseguir, você tem uma ferramenta incrível em suas mãos. É compatível com Windows e Mac e apresenta uma comunidade de usuários bastante ativa.
Preço: 79 Euros (versão intro), 349 Euros (versão standard) e 599 Euros (versão suite). 



Screenshot do Sunvox: para quem tem coragem!
Certamente há muitas outras opções que eu não mencionei aqui, seja por nunca ter usado o software, seja por que o julgo inadequado para iniciantes. No primeiro caso posso mencionar duas opções que cabem no bolso o MU.LAB e o REAPER. São programas bastante elogiados, que tem uma versão free limitada e a versão completa custa menos de 50 dólares. No segundo caso, posso mencionar o fabuloso mundo dos Trackers, um tipo de software que segue uma estrutura muito diferente e apresenta uma história a que se deve muito respeito. Trackers não são as opções mais fáceis de utilizar, mas quem estiver interessado recomendo tentar o Jeskola Buzz (compatível com Windows) ou o Sunvox (compatível com várias plataformas), que são grátis e tem uma comunidade bastante viva. O Renoise é um programa fora de série, não muito caro e que pode ser tentado também por aqueles que preferem os Trackers (Algum dia faço um post só sobre esse tipo de programa). 

Programas como o Pro Tools, Cubase e o Logic são mais avançados e com um enfoque maior em gravação e edição de áudio. São ótimos programas, há quem goste muito de utilizá-los. Eu, pessoalmente, acho que para a música eletrônica eles acabam dificultando o processo criativo. 

Próximos Passos?

Muita gente recomendaria agora conseguir um bom controlador MIDI para não ter que ficar fazendo o som pelo teclado do computador, um conjunto de monitores para ter um som bastante fidedigno e aí por diante. Eu não acho que isso seja necessário. Contanto que você tenha bons headphones, com que você se sinta confortável, e sempre busque ouvir os sons que você produz em outros lugares que não no seu headphone, você não precisa de monitores agora. Os controladores MIDI são uma questão de conforto, e eu os recomendo para quem está interessado em fazer performances ao vivo. 

O que eu recomendo então? É simples: estudar. E por estudar eu quero dizer: ouvir muita música, conhecer os vários estilos de música eletrônica, tentar compor coisas nesses diferentes estilos como exercício, dominar o seu programa de estúdio digital. Para esses próximos passos você vai encontrar bastante apoio aqui neste site. Seja muito bem-vindo!

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